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DOUTORES DA MORTE

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Laudos provam que médicos pagos por mineradora Sama, da Eternit, abafaram mortes por amianto

Antônio José Severino de Carvalho foi a uma consulta médica, em 2014, para tratar de um problema na mão causado por um acidente de trânsito. Quando o médico que o atendeu em Goiânia soube que ele trabalhava como operador de máquina na Sama, mineradora que por mais de 50 anos explorou as reservas de amianto em Minaçu, interior de Goiás, pediu também uma tomografia do seu tórax. O exame mostrou uma mancha num dos pulmões. O diagnóstico: asbestose, uma das principais doenças ocupacionais causadas pela exposição ao amianto.

Também chamado de asbesto, o amianto é uma fibra mineral que no Brasil é usada principalmente misturada ao cimento como matéria-prima de telhas e caixas d’água. Praticamente indestrutível, resistente ao fogo e macia o suficiente para ser tecida, ela reforça a rigidez do cimento, permitindo que telhas e caixas sejam mais finas e leves.

Ao retornar a Minaçu, Carvalho procurou Eduardo Andrade Ribeiro, um dos médicos do trabalho da empresa, para mostrar o exame. A notícia não foi bem recebida. “Quando ele olhou a tomografia, bateu na mesa e rabiscou o laudo de cima a baixo”, me contou o ex-funcionário, demitido cerca de um ano depois, em 2015, após quase 14 anos na Sama.

Depois que saiu da Sama, Carvalho, que tem 44 anos, não conseguiu mais trabalhar por conta dos sintomas da asbestose, que se agravaram desde o diagnóstico. Quando caminha, precisa parar para “caçar o fôlego”. Ele fez questão de me mostrar os novos exames, recebidos em setembro – os antigos, a que ele diz que nunca mais teve acesso, ficaram na Sama. A tomografia computadorizada mostra com detalhes o endurecimento do seu pulmão, uma das principais características da asbestose, também conhecida como “pulmão de pedra”. Mas, para o médico Ribeiro, a mancha não era um sinal da doença, e, sim, um problema causado pelo cigarro. Carvalho diz que nunca fumou.

Mostrei a tomografia para o pneumologista Hermano Castro, diretor da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. Especialista em medicina do trabalho, ele pesquisa as doenças provocadas pelo amianto desde 1989. Castro analisou o exame e não teve dúvidas: “O laudo é claro em afirmar que há lesões iniciais compatíveis com exposição ao asbesto”.

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