O projeto de pesquisa é fruto de uma parceria entre a Fiocruz/Ensp/Cesteh, Inca e sindicatos representantes da categoria (Sindsprev/RJ, Sintrasef e Sintsaúde RJ) e conta com o apoio da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS). No decorrer do projeto, será realizada uma avaliação da exposição a agrotóxicos dos guardas de endemias do Estado do Rio de Janeiro.
Desde 2010, a Fiocruz/Ensp/Cesteh desenvolve estudos de avaliação de trabalhadores expostos a agrotóxicos, oriundos da Funasa. No período entre agosto de 2010 a novembro de 2011, 442 agentes de combate às endemias lotados em diversos municípios do Estado fizeram avaliação para identificar consequências à saúde pela exposição prolongada ao uso de larvicidas e inseticidas.
Agentes de combate a endemias foram diagnosticados com tremor essencial
Um dos resultados mostra que agentes de combate às endemias expostos a agrotóxicos no trabalho com idade a partir de 40 anos têm 3,6 vezes maior prevalência de tremor essencial do que trabalhadores não expostos.Isso significa que 14,4% dos guardas de endemias avaliados foram diagnosticados com tremor essencial (Azevedo et al, 2018).
A perspectiva, agora, é fazer um estudo piloto para avaliar biomarcadores de genotoxicidade e de exposição na população de agentes de combate às endemias expostos cronicamente a agrotóxicos. Os resultados desta investigação têm como finalidade subsidiar o desenvolvimento de políticas públicas para monitorar doenças neurológicas graves em populações expostas e promover a vigilância em saúde do trabalhador.
Serão realizadas análises toxicológicas para identificar, no sangue e na urina, a concentração de substâncias causadoras de doenças nos trabalhadores, presentes nos larvicidas e inseticidas, substâncias químicas ou biológicas que fazem parte do dia a dia de trabalho dos guardas de endemias. Também serão feitas avaliações clínicas e da qualidade do sono dos guardas de endemias. Dos resultados da pesquisa, serão elaborados materiais educativos e informativos que serão divulgados aos trabalhadores, por meio de seus sindicatos. Também serão feitas atividades de formação sobre o processo de trabalho e de adoecimento de trabalhadores expostos, bem como serão discutidas estratégias de atuação e de enfrentamento a essas adversidades frente à comunidade e ao poder público. Como parte do processo de pesquisa e de formação, está sendo organizado um fórum de discussão, com periodicidade mensal, para acompanhar o andamento da pesquisa. Participarão deste fórum os trabalhadores, estudantes e pesquisadores das instituições envolvidas.