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Solução da crise do Coronavírius não pode passar por redução de salários dos trabalhadores

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O episódio envolvendo a edição da Medida Provisória n.º 927/20 para enfrentar a COVID19 (CORONAVÍRUS),  que trouxe em seu texto a previsão do "programa salário zero" reflete a forma de pensar daquele que, de longe é o pior governo do mundo. Entre tantas coisas ruins que existe nesta quadra da história, o governo Bolsonaro supera qualquer um, no seu requinte de um misto de incapacidade com total insensibilidade social.

As reações das redes sociais rapidamente o fizeram recuar dando determinação para outro alguém revogar do texto da Medida Provisória o artigo oitavo,  que previa retirada dos salários dos trabalhadores por quatro meses, mas este alguém era o próprio, que tentou se distanciar do que fez pelo twitter como se nada tivesse com isso. O detalhe interessante é que só o Presidente da República pode adotar medida provisória, isso não engana mais ninguém.

A naturalização das bizarrices como tentar ignorar a existência da pandemia, chamando-a de "gripezinha", fazendo pouco de milhares de vidas já ceifadas na Itália, e em outras partes do mundo, deu ao Brasil a ideia de com quem está lidando. Uma espécie de um ser humano, que me esforço, inclusive, para chamá-lo desta forma, um ser desprezível que nem de longe tem as qualidades para ser um líder de uma nação da tão importante como o Brasil.

Agora não é hora de ressaltar as diferenças políticas, mas de discutirmos saídas para o Brasil. Certamente o tal mercado calou-se.  O deus mercado, o grande espírito, que tinha saída para tudo antes da pandemia, se recolheu. E, não se vê, nenhum meio de comunicação dizendo que o mercado mudou de humor com isso, ou com aquillo, a bolsa caiu, o dólar subiu. E assim, o deus mercado sumiu! 

As vozes do atraso da economia brasileira, que não sabem pensar fora da caixinha do "ultraneoliberalismo" estão diante de um grande dilema: o Estado que não podia intervir em nada, agora tem o dever de socorrer a todos, mas sacrificando o emprego e a renda dos mais pobres para socorrerem aos bancos e às empresas.

Não é possível que todos os grandes países da Terra errem neste momento quando acodem as empresas, financiam a produção e instituem programas de renda para os seus trabalhadores. Na Alemanha Angela Merckel disse que nenhuma empresa irá falir, entretanto, preservou a renda dos trabalhadores durante a quarentena do coronavírus. Na maior potência do planeta Donald Trump instituiu o cheque que pode chegar a U$3.000,00 (três mil doláres) para cada familia americana, além de guindar indústrias, bancos e montadoras com bilhões de doláres. Se fossem em governos de esquerdas diriam os "novos keynesianos" isso é uma farra com o dinheiro público. Quando na verdade é apenas o restabelecimento da lógica: o Estado deve estar sempre a serviço da sociedade.

No Brasil é lamentável que,  em meio à quarentena, os de sempre Rodrigo Maia e Bolsonaro, voltam com toda carga agora para cortar os salários dos servidores. Os presidentes do Brasil e da Câmara dos Deputados, dizem que farão uma proposta para cortar salários de todos, inclusive de políticos, como se alguém aqui acreditasse que vivem os nobres do Congresso Nacional de seus salários.

Não há saída para o Brasil que não perpasse pela instituição de impostos sobre grandes fortunas, lucros e dividendos e sobre heranças. Os recursos do BNDES têm que financiar as empresas em troca de manutenção do emprego. O Estado tem que ser a saída para todos. Precisamos mudar a lógica: primeiro veio a Reforma Trabalhista, a dita que iria criar empregos segundo eles, porém, nada resolvido. Em seguida veio a Reforma da Previdência, mais uma vez nada resolvido, agora aproveitam da crise do coronavírus para avançar sobre os salários dos trabalhadores. Enquanto isso, na outra ponta jorra dinheiro público para socorrer empresas, bancos e companhias aéreas. 

As ruas estão vazias, mas as redes sociais estão cheias de indignação. Acabou Bolsonaro, no nosso salário ninguém colocará a mão! 

 

Sandro Cezar é servidor público do Ministério da Saúde e Presidente da Central Única dos Trabalhadores no Estado do Rio de Janeiro-CUT/RJ

 

 

 

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